BENADRYL, QUEBRA CRÂNIO, APAGÃO, eles podem matar! Conheça os desafios mais perigosos que atraem crianças e tira o sono dos pais
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Os posts estimulam o jovem a mutilar, estrangular e queimar o próprio corpo enquanto amigos filmam a cena e postam na rede social para gerar curtidas, comentários e engajamentos

Recentemente, o caso do adolescente de 13 anos morto após ingerir mais de 14 comprimidos de um antialérgico como parte de um desafio viral no TikTok reacendeu o debate de como a rede social expõe crianças e adolescentes a conteúdos perigosos.

Hoje a plataforma já conta com mais de 1 bilhão de inscritos e segundo um levantamento realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), a rede social é a mais utilizada por crianças e adolescentes de 9 a 17 anos. De 11 a 12 anos, ela chega a ser a preferida de quase metade (48%), enquanto Instagram e Facebook juntos são mencionados por apenas 30%. Isso ocorre ainda que o aplicativo, em tese, seja proibido para menores de 13 anos.

Um levantamento da Qustodio, plataforma de controle parental, identificou ainda que a faixa etária de 4 a 18 anos passa cerca de 107 minutos por dia na rede, quase duas horas. O cenário preocupa os pais devido à disseminação de conteúdos nocivos que podem escapar do filtro da plataforma, porém, um dos maiores dramas atuais dos familiares e responsáveis são os desafios estapafúrdios encontrados na plataforma.

Crianças são estimuladas e incentivadas a mutilar, estrangular e queimar o próprio corpo enquanto amigos filmam a cena e postam na rede social para gerar curtidas, comentários e engajamentos.

— O jovem encontra conteúdos altamente inadequados para ele porque o algoritmo pode favorecer o que é mais atrativo, mas que não é bom para a criança e o adolescente. Uma criança preocupada com o peso aos 10 anos pode começar a receber conteúdos normalizando transtorno alimentar, de dismorfia corporal, e se engajar em atividades com riscos à saúde para buscar esse ideal de emagrecimento — exemplificou o pediatra Daniel Becker, médico sanitarista do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e colunista do GLOBO em entrevista há 3 semanas em matéria que apontava os riscos da rede.

O papel dos pais na mediação do uso da plataforma é imprescindível, afirmam especialistas, pois a questão não é apenas a exposição aos conteúdos, como também a interação com os usuários presentes na rede. Confira alguns dos desafios mais mortais da plataforma:

Desafio Benadryl
Benadryl é o nome comercial de um medicamento antialérgico que os jovens estão ingerindo em altas quantidades para induzir alucinações. Depois de tomar o fármaco, a pessoa precisa filmar a reação que o corpo terá depois da ingestão. No caso do adolescente americano de 13 anos, Jacob Stevens, foi uma série de convulsões que o fizeram ser internado às pressas. Ele teve morte cerebral seis dias depois do ocorrido.

Em 2020, uma outra menina de 15 anos também morreu participado do mesmo desafio. Segundo especialistas, a dose responsável pelas alucinações é muito próxima da quantidade suficiente para causar a morte. Doses em excessos do antialérgico tende fazer o coração bater de forma irregular e não bombear sangue com eficácia para todo o corpo, o que pode levar a problemas cardíacos, convulsões e, consequentemente, morte.

Desafio do apagão
O desafio estimula jovens a provocarem o auto sufocamento com o objetivo de mostrar aos seguidores por quanto tempo é possível ficar sem respirar até o ponto de desmaio. De acordo com um levantamento da Bloomberg Businessweek, do meio de 2021 até novembro de 2022, ao menos 15 crianças com 12 anos ou menos, e cinco adolescentes entre 13 e 14 anos, morreram envolvidas na trend.

Uma das vítimas foi uma garota argentina de 12 anos. Segundo a tia da vítima, amenina, chamada Milagros Soto, teria se sufocado ao fazer o vídeo para o TikTok.

Desafio do desodorante
Em agosto do ano passado, um garoto de 10 anos morreu em Belo Horizonte devido a uma parada cardiorrespiratória após participar do “desafio do desodorante”. Segundo relatos, João Vitor Santos Mapa se trancou dentro de um guarda-roupa e aspirou cerca de metade do conteúdo de um frasco.

A brincadeira de mau gosto consiste em uma batalha para ver quem consegue inalar por menor tempo, grandes quantidades do produto químico. A substância inalada é levada pelas vias respiratórias aos pulmões, órgãos extremamente vascularizados que, com facilidade, acaba caindo na corrente sanguínea e chega ao coração, provocando uma arritmia cardíaca.

O coração deixa de bombear corretamente sangue para o corpo e acaba perdendo totalmente a função em pouco tempo levando a uma parada cardíaca e óbito em poucos minutos.

Por conter em sua fabricação substâncias químicas antissépticas, que reduzem odores, incluindo ácido clorídrico, e outras substâncias tóxicas, o produto ainda pode queimar e deteriorar veias importantes dentro do organismo. A pessoa pode sofrer uma reação alérgica severa, como edema de glote, quando a garganta se fecha completamente, comprometendo a entrada e saída do ar causando asfixia.

Também é letal em razão do alto teor de etanol (álcool) presente em qualquer tipo de desodorante. Sendo até 90% maior do que o encontrado em bebidas alcoólicas como Uísque ou o Absinto. Em 2020, um menino de 12 anos, em Aracaju, também faleceu após inalar um vidro inteiro de desodorante.

Penny Challenge (Desafio da Moeda) 

A ideia é enfiar uma moeda em um carregador USB sem o cabo e ver o circo pegar fogo. Bombeiros alertam que essa pratica pode causar incêndios, no mínimo, vai estragar o carregador.

Desafio da tocha improvisada
No final de abril deste ano um adolescente de 16 anos, que vive na Carolina do Norte, nos EUA, teve 80% de seu corpo queimado ao realizar um desafio TikTok que deu completamente errado. Mason Dark e seus amigos estavam fazendo uma tocha improvisada com uma lata de tinta spray e um isqueiro, quando de repente o spray explodiu e deixou o corpo de Dark em chamas.

Segundo a família do jovem, ele está irreconhecível. O desafio do TikTok que resultou na tragédia de Mason Dark é popular nos EUA e trata-se de usar aerossóis inflamáveis para criar um lança-chamas. No caso de Mason, ao invés da chama apagar, a lata explodiu.

Desafio da rasteira ou quebra crânio
Nos vídeos, duas pessoas pedem a uma terceira para dar um pulo e, quando a vítima está no ar, as outras a derrubam com um pontapé. Quando se tornou popular na internet em 2020, o desafio era feito em escolas e até mesmo com familiares. O youtuber Robson Calabianqui foi um deles e realizou a pratica com a mãe. Depois que notou os riscos, voltou atrás, se redimiu e começou a alertar outros jovens do perigo por trás do desafio.

Médicos alertam que a “brincadeira” é extremamente perigosa e que podem levar uma pessoa a ter luxação ou até mesmo um traumatismo craniano dependendo do tombo e da região que a cabeça bater.

Em novembro de 2019, uma aluna da Escola Municipal Antônio Fagundes, em Mossoró, no Rio Grande do Norte, morreu depois de participar de uma brincadeira semelhante, a “roleta humana”. Emanuela Medeiros, de 16 anos, sofreu uma queda após ser levantada pelos braços por dois colegas, que a forçaram a fazer uma cambalhota no ar.

Existem outros desafios na plataforma que são inacreditáveis. Como por exemplo, o desafio da tomada onde um carregador de telefone é parcialmente puxado para fora de uma tomada e uma moeda cai nos pinos expostos, causando uma chuva de faíscas. O desafio de sal e gelo, onde participantes jogam sal na pele e depois a cobrem com gelo, causando queimaduras de segundo grau e congelamento.

E o desafio da noz-moscada que envolve o consumo de noz-moscada moída, levando a efeitos colaterais que podem incluir aumento da frequência cardíaca, dificuldades respiratórias e, em alguns casos, convulsões.

O que diz o TikTok?
O TikTok tem diretrizes que proíbem a veiculação de desafios perigosos, estímulos a transtornos de saúde mental e alimentares, vídeos com nudez e teor sexual, bullying, assédio, violência e discurso de ódio, imagens explícitas, entre outros.

Além disso, embora o acesso ao aplicativo seja permitido apenas para maiores de 13 anos, crianças com idades inferiores à exigida criam perfis com informações falsas. Segundo a empresa, somente no ano passado, ela removeu cerca de 78,3 milhões de contas por suspeita de terem burlado o critério etário – cerca de 8% do total de usuários ativos.

Em nota enviada ao GLOBO, o TikTok afirma que “está empenhado em garantir uma experiência segura e positiva para todos os usuários e, principalmente, os mais jovens, entre 13 e 18 anos de idade”, mas não respondeu quais medidas são tomadas para intensificar a fiscalização do conteúdo.

A rede acrescenta que disponibiliza um guia para os pais “elaborado para oferecer uma visão geral do TikTok e das várias ferramentas e controles para preservar a segurança de nossa comunidade”.

FONTE: Por Agência O Globo

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